72% dos trabalhadores da indústria da moda no México vivem na pobreza

Segundo um estudo publicado na semana passada, 72% dos trabalhadores da indústria da moda no México, 2,3 milhões de pessoas de um total de 3,1 milhões, carecem de renda laboral suficiente para ultrapassar a linha da pobreza.
O estudo, elaborado pela associação Ação Ciudadana Contra a Pobreza (Ação Cidadã Contra a Pobreza) e intitulado “A precariedade não sai de moda”, denuncia os maus tratos salariais e condições de trabalho dos funcionários de uma das indústrias mais lucrativas do México, geradora de lucros multimilionários.

72% dos trabalhadores da indústria da moda que vivem abaixo da linha da pobreza ganham menos de 8.600 pesos por mês (cerca de 500 dólares); o salário mínimo no país é de 6.310 pesos mensais (cerca de 370 dólares).
Em comparação com a última edição do relatório, que coletou informações no final de 2021, a indústria da moda passou a contemplar 377 mil funcionários, mas a precariedade se agravou: há dois anos, o percentual de empregados abaixo da linha da pobreza era de 63%, nove pontos percentuais abaixo.

Além disso, um milhão trabalha horas excessivas de mais de 48 horas semanais, e pelo menos 1,3 milhão não está inscrito na previdência social (53%) e 216.000 estão subempregados.

Entre os 2,2 milhões que têm emprego subordinado e assalariado, a situação não é muito melhor: 32% carecem de previdência, 24% de benefícios, 41% de contrato estável e a grande maioria, 93%, organização sindical.

Segundo o estudo, mesmo no setor mais rentável da indústria, o das lojas de departamentos, autosserviços e marcas de prestígio, a precariedade é acentuada, já que 32% dos que têm carteira assinada vivem na pobreza. No setor manufatureiro o percentual é de 53% e no comércio é de 49%.

Este último, apesar de representar 0,01% das unidades econômicas do setor, capta metade da receita do setor; entretanto, apenas 1,2% destes são destinados a salários e despesas de pessoal, como previdência ou benefícios.

Diante desse problema, a Acción Ciudadana Contra la Pobreza propõe garantir folhas de pagamento livres de salários de pobreza; verificar a erradicação da externalização ou “terceirização”; que as empresas adiram aos princípios das Nações Unidas em questões trabalhistas; o erradicação do trabalho infantil e escravo em toda a cadeia de valor.