A moda no Brasil não pode ser compreendida sem reconhecer a enorme influência da cultura afro-brasileira em cores, tecidos, estampas e estilos que hoje fazem parte do vestuário cotidiano. Elementos como turbantes, colares, saias rodadas e estampas geométricas, que têm origem em tradições africanas trazidas pelos povos escravizados, foram sendo incorporados de forma criativa e transformados em símbolos de identidade e resistência. Mais do que uma tendência estética, a afro-moda se consolidou como um movimento que afirma orgulho, pertencimento e memória histórica. Em diversas cidades brasileiras, estilistas negros vêm ocupando espaço e propondo coleções que unem referências da ancestralidade com cortes contemporâneos, criando um diálogo entre passado e presente. Essas propostas também servem para questionar padrões de beleza eurocêntricos que dominaram o mercado por décadas, abrindo espaço para a diversidade de corpos, tons de pele e narrativas. Festas populares, como o Carnaval e a Lavagem do Bonfim, além dos blocos afros da Bahia, são vitrines naturais dessa estética, que mescla música, dança, religiosidade e moda de forma inseparável. Assim, a influência afro-brasileira não apenas alimenta a criatividade da indústria da moda, mas também funciona como uma ferramenta de empoderamento social, fortalecendo identidades e promovendo representatividade em passarelas e ruas do país.