A sua arquitetura impressionante, enquadrada por uma treliça inspirada nos têxteis tradicionais Iorubá, faz da Alara – a primeira “concept store” de moda e design da África Ocidental – um marco imponente em Lagos, a movimentada capital comercial da Nigéria.
Fundada por Reni Folawiyo há uma década, a Alara encarna sua visão de “Afro-lux”, um conceito que ela define como designs que equilibram a tradição com a modernidade, posicionando a moda africana no palco global.

No interior da loja, as marcas africanas de luxo partilham espaço com marcas internacionais, arte decorativa e livros – parte da missão de Folawiyo de colocar a criatividade africana em pé de igualdade com nomes globais estabelecidos. A rede distintiva do edifício é inspirada no adire, um têxtil popular entre o povo Iorubá do sudoeste da Nigéria.
“Muitas das coisas bonitas que as pessoas estavam fazendo em diferentes partes da África não eram celebradas da forma que eu achava que deviam ser”, disse a empresária de 60 anos, explicando como o artesanato rural inspira frequentemente as coleções da Alara. “Acreditava firmemente que estes objetos e estas pessoas tinham valor.”

O design da África Ocidental está vivendo um momento cultural, observou Folawiyo em uma entrevista em Lagos, onde usava óculos de sol com lentes cor-de-rosa vivo.
Em maio, as estrelas da música nigeriana Burna Boy, Tems e Ayra Starr apareceram na Met Gala de Nova Iorque, vestidas pelo designer britânico-ganês Ozwald Boateng.

Mas para Folawiyo, o reconhecimento global requer mais do que aparições ocasionais nas passarelas. “Neste momento, a melhor forma de criar uma plataforma para os designers fora de África é estabelecer parcerias e colaborar com instituições de renome”, afirmou, citando sua recente loja pop-up e exposição no Museu de Brooklyn e uma colaboração com o Museu de Arte do Condado de Los Angeles.

Com base na sua herança iorubá – com seus têxteis intrincados, cores ousadas e cerimônias elaboradas – Folawiyo também encontra inspiração na estética robusta do Senegal e na sofisticação refinada da Costa do Marfim. “Alara é a minha própria ideia do que é uma celebração de África”, disse.

Por trás da boutique se encontra o NOK, um restaurante liderado pelo chef executivo Pierre Thiam, o pioneiro da culinária senegalesa que trouxe a comida da África Ocidental para os convidados dos EUA.

Embora continue sendo um restaurante sofisticado, o NOK oferece preços mais acessíveis do que as peças de moda e design da Alara – um equilíbrio delicado em um país marcado por extremos: elites ricas nos setores do petróleo e da tecnologia, uma classe média em declínio, pressionada pela inflação, e milhões de trabalhadores informais.

No interior da Alara, com paredes pretas e betão branco, os artigos de luxo se destacam como afirmações ousadas. Um vestido verde da marca nigeriana Eki Kere tem um preço de 325.000 nairas (cerca de 210 dólares), enquanto uma mesa escultural do estúdio senegalês-nigeriano Salu Iwadi pode custar até dez vezes mais, sublinhando a mistura de moda acessível e design de alta qualidade da loja.

A própria Folawiyo vem da elite de Lagos, sendo esposa do empresário Tunde Folawiyo e filha do falecido procurador-geral da antiga Região Ocidental da Nigéria, Lateef Adegbite.

Mas construir sua visão do luxo africano não foi fácil. Convencer investidores e parceiros a acreditar no “Afro-lux” se revelou um desafio. “Eu estava muito empenhada e acreditava muito em mim e na minha ideia”, afirmou.

Agora firmemente estabelecida na Nigéria, Folawiyo também organiza desfiles de moda internacionais, incluindo na Carifesta XV de Barbados, este mês. Mas, para ela, o sucesso a longo prazo da indústria depende de “transmitir conhecimentos às gerações futuras”.