Em um dia movimentado de desfiles na quinta-feira (22), Dries Van Noten apresentou uma alfaiataria disruptiva em uma zona de obras lúgubre, enquanto o designer da Ami, Alexandre Mattiussi, mostrou-se muito competente e comercial.
Dries Van Noten: alfaiataria disruptiva em uma zona de obras
Os designers adoram exibir suas criações em locais de obras; mas ninguém mais do que Dries Van Noten, que nesta temporada usou uma zona de obras como justaposição para sua moda intelectual. Uma antiga fábrica abandonada e empoeirada no 17º arrondissement, onde era preciso subir cinco andares para ver a última coleção do estilista belga. O esforço valeu a pena.
Dries, um dos maiores criadores de estampas de moda de todos os tempos, criou apenas uma nesta temporada, optando por se concentrar no corte e na construção, na silhueta e na forma.
Ele começou com cerca de vinte looks de alfaiataria. Trench coats muito estilizados, confeccionados com tecidos fluidos e femininos como a musselina; calças cortadas de modo que a parte de cima do sobretudo descesse e virasse um avental; ou uma série de jaquetas sedutoras, alongadas e superdimensionadas que pareciam feitas de seda, mas eram, à primeira vista, compostas por algum tipo de algodão amassado. E uma série de supercasacos espinha de peixe, um dos quais tinha até a lapela rasgada.
“Chique disruptivo e distorcido. Tentando brincar com as conotações da elegância, mas traduzidas de uma forma muito jovem. Um pouco streetwise, o que é ótimo porque eu queria dar aos jovens mais maneiras de se expressar”, explicou Dries, no piso térreo do local, igualmente empoeirado.
Ao longo, prevaleceu uma silhueta longa e estreita que jogou com seus próprios códigos, adicionando toques de sportswear e streetwear. Qualquer estampa limitava-se a motivos gráficos sobrepostos, como sombras, fazendo uso sutil da cor.

“Eu queria formas e não estampas escandalosas. Sei que fomos muito escandalosos no passado”, ela admitiu.
Ele usou tecidos esvoaçantes, como musselinas e plongé de seda, supertingidos para torná-los menos efeminados. Técnica também utilizada em capas de chuva de náilon, conferindo-lhes um brilho metálico.
“A alfaiataria continua a me fascinar. Agora acredito que estou vestindo uma terceira geração. Porque toda vez que pergunto a um modelo quando ele nasceu, me dizem 2010”, brincou o sempre autocrítico estilista de 65 anos.
“Muitos jovens apreciam a alfaiataria. Gosto que na moda masculina os modelos podem apreciar uma nuance que talvez as meninas não apreciem tanto”, concluiu com um encolher de ombros.
