A inteligência artificial (IA) está transformando o mundo da moda, mas a tecnologia em rápido crescimento nunca será capaz de substituir a “criatividade original” dos designers, segundo o diretor de um projeto pioneiro.
O inovador da moda Calvin Wong desenvolveu o Interactive Fashion Design Assistant (AiDA), o primeiro sistema de IA liderado por designers do mundo. Ele usa tecnologia de reconhecimento de imagem para acelerar o tempo que um projeto leva para ir do primeiro esboço à passarela.
“Os designers têm suas estampas, padrões, tons de cores, esboços iniciais e carregam as imagens”, disse Wong à AFP.] “Então, nosso sistema de IA pode reconhecer esses elementos de design e apresentar novas propostas para eles refinarem e modificarem seu design original”, afirma.
De acordo com Wong, o ponto forte da AiDA é a capacidade de apresentar “todas as combinações possíveis” a um designer, algo impossível no atual processo de design.
Em uma exposição realizada em dezembro no Museu M+ de Hong Kong, foram apresentadas coleções de 14 designers criadas com esta ferramenta. Mas Wong insiste que se trata de “facilitar a inspiração para os designers”, e não de “usar a IA para substituir o trabalho dos designers, para substituir a sua criatividade”. “Devemos valorizar a criatividade original do designer”, acrescenta.
Wong dirige o Laboratório de Inteligência Artificial para Design (AidLab), uma colaboração entre o British Royal College of Art (RCA) e a Universidade Politécnica de Hong Kong, onde é professor de moda.
Mantendo o controle
No entanto, o futuro da IA no design de moda não é claro. A fundadora da marca nova-iorquina Collina Strada, Hillary Taymour, admitiu esta semana que ela e sua equipe usaram o gerador de imagens Midjourney para criar a coleção que apresentaram na New York Fashion Week.
Embora Taymour tenha usado apenas imagens de looks anteriores da marca para ajudar a gerar sua coleção primavera/verão 2024, questões legais iminentes podem manter as roupas geradas por IA fora das passarelas por enquanto.
“Em termos de moda desenhada por inteligência artificial, os designers dizem que existem questões de direitos de propriedade intelectual”, diz Rebecca Lewin, curadora do Design Museum de Londres. “Porque tudo o que for obtido terá sido extraído de imagens publicadas e muito trabalho terá de ser feito para regulamentá-lo”, indica.
Barfield, da RCA, diz que a questão é delicada, mas espera que seja resolvida através de casos de teste e legislação. “Não sei com que rapidez (a IA) irá se transformar, mas se der às empresas uma vantagem competitiva, acho que elas irão investir e adotá-la rapidamente”, diz.
A única coisa que freia as empresas hoje é o “enorme investimento” na infraestrutura necessária. “Mas, uma vez feito isso, elas podem dar o passo e economizar material e produtividade”, acrescenta.
Quanto ao receio dos designers de que este se torne um substituto do processo criativo humano, ele disse que a chave é quem controla a tomada de decisões.
Usando um “algoritmo genético” no qual você começa com um design e usa o software para gerar outros sucessivos, o computador poderia produzir 1.000 visuais diferentes, algo que levaria semanas para ser desenhado, assegura.
Por outro lado, se o designer permanecer no controle, a IA pode oferecer enormes vantagens ao acelerar enormemente o processo “sem necessariamente tomar as decisões por ele”, conclui.
