Todos apreciam uma boa volta por cima, certo? E foi com isso que a Victoria’s Secret contou para a volta de seu desfile, que foi abruptamente interrompido em 2019, para que a
empresa pudesse “evoluir a mensagem da marca”, de acordo com um artigo da revista Fortune.
O retorno também teve algo a ver com as audiências decepcionantes após o desfile de moda de 2018, com o fato de o antigo CMO da empresa, Ed Razek, ter dito à Vogue que não escolheria um modelo transgênero (no caso, a brasileira Valentina Sampaio) e, mais infamemente, com a espécie de “cancelamento” do evento na sequência da ligação do antigo CEO do grupo L Brands, Lex Wexner, com o criminoso e traficante sexual Jeffrey Epstein. Entre estes fatos e a subsequente pandemia, a marca fechou cerca de 350 lojas nos últimos cinco anos.

Apesar desses contratempos, e de um panorama de lingerie em evolução ao nível do varejo, com lojas como a Intimissimi e Etam entrando nos Estados Unidos e marcas independentes de lingerie como a Skims, Cuup, ThirdLove, Natori e Agent Provocateur ganhando participção de mercado, a Victoria’s Secret ainda conseguiu faturar 6,2bilhões de dólares em 2023, embora o valor seja muito inferior ao máximo de 7,8 bilhões de dólares que atingiu em 2016.

A marca testou as águas para um renascimento do show no ano passado num documentário da Amazon Prime, “Victoria’s Secret: The Tour 2023”, mas na noite de terça-feira,15 de outubro, a iniciativa voltou ao formato ao vivo. Utilizando o Brooklyn Navy Yard – prático para a produção, mas inadequado para o transporte – para criar o seu palco de televisão ao vivo, o evento desta vez divulgou uma nova abordagem centrada nas mulheres, que se traduziu de forma mais visível nas atuações musicais, protagonizadas por Cher, de 78 anos, juntamente com outras artistas femininas que subiram ao palco, como a rapper tailandesa Lisa, também conhecida como Lalisa Manobal, e a sul-africana Tyla. Entre os convidados VIP presentes encontravam-se Queen Latifah, Jodie Turner-Smith, Ice Spice e Teyana Taylor.

O desfile exibiu a inclusão para limpar a imagem da marca, interpretando-a como trazendo ‘angels’ e supermodelos de todas as idades e épocas para desfilar na passarela. Nomeadamente, ‘angels’ bem conhecidos como a brasileira Adriana Lima, a sul-africana Candice Swanepoel e a norte-americana Tyra Banks, que apresentou o desfile e o encerrou.